Se já ficou sentado na janela que fica na zona da asa do avião, muito provavelmente reparou que na aterragem, da asa do avião descem umas superfícies fazendo uma curva em direção ao chão. Já se perguntou o que seriam ou para que servem? Se já, venha comigo para entender melhor o que é o FLAP e qual a sua função.
Primeiro vamos entender como funciona a asa.
A asa do avião para gerar sustentação precisa que o ar percorra em cima e em baixo dela. Explicando muito basicamente, o ar ao passar na asa, vai colar na sua superfície acompanhando o seu perfil, como tem uma diferença de curvatura em baixo da asa o ar vai criar uma maior pressão em relação à parte de cima da asa, criando assim a força de sustentação que irá suportar o peso do avião. Poderá ver este princípio na imagem abaixo. Mais tarde farei outro post mais aprofundado sobre ''Como voa o avião''.
Perfil de uma asa de avião
Bom, para o avião criar esta força de sustentação na asa, precisa de diversas variantes, mas para não criar confusão falarei somente de duas que são as que interessam mais para o assunto deste post: velocidade do ar e área da asa.
Vamos por partes, para o avião criar sustentação já sabemos que precisa que o ar passe na asa com uma certa velocidade para criar a tal diferença de pressão, mas também dependendo do tamanho do avião, também precisará de uma maior asa, pois precisará de uma maior área para o ar passar para gerar uma força de sustentação maior. Em exemplos mais práticos, poderá observar os pássaros, que têm asas de acordo com o seu tamanho. Neste post irei utilizar muito o exemplo dos pássaros pois a aviação é muito inspirada na nossa natureza e os aviões são uma réplica dos pássaros, e irá entender o porquê.
Mas o que isto tem a ver com os FLAPS? Voltando à conversa anterior, irei tentar explicar sem recorrer à fórmula matemática da sustentação. Mas digamos que a sustentação será maior quanto maior for a velocidade do ar a passar na asa, e ao mesmo tempo será maior quanto maior for a área da asa. Quando o avião está em voo, estará a velocidades muito elevadas, na casa dos 800 a 900 km/h. Nesse caso o ar a passar na asa áquelas velocidades, vai criar força de sustentação suficiente para suportar o avião. No entanto, o avião não pode aterrar a 900 km/h, verdade? Ele vai aterrar por volta dos 300 km/h. Dependendo do tamanho do avião, o ar a passar na asa a 300 km/h não criava uma força de sustentação suficiente para aguentar o avião no ar e o avião cairia como uma pedra. Mas qual seria a solução neste caso?
A solução para este problema é o FLAP.
Se não temos velocidade suficiente do ar a passar na asa, qual seria a solução?
''Mas digamos que a sustentação será maior quanto maior for a velocidade do ar a passar na asa, e ao mesmo tempo será maior quanto maior for a área da asa.''
Lembrando desta frase, fica fácil. Se não podemos ter velocidade, temos que aumentar a área/tamanho da asa para ganharmos maior força de sustentação, e é aqui que entram os flaps. Os flaps que normalmente estão recolhidos na parte de trás da asa, chamado bordo de fuga, porque é onde o ar se tende a ''descolar'' da asa, ou a fugir, e quando são extendidos, eles vão se tornar numa extensão da asa, no fundo mais área para o ar passar, e são extendidos para baixo para que criem um curvatura, e para obrigar o ar acompanhar aquela curvatura e que se mantenha o maior tempo possível ''agarrado'' à asa. Como pode ver na imagem abaixo.
Nesta imagem podemos observar que no A, os flaps estão retraídos que dá maior eficiência à asa quando está a altas velocidades. No B podemos ver o flap extendido e a seta vermelha mostra o ar a acompanhar essa curvatura criada pelo flap para baixo gerando mais sustentação a baixas velocidades, que é o que precisamos quando o avião vai aterrar, baixa velocidade, para o avião não precisar de uma pista muito comprida, e muita sustentação para aguentar o avião a voar.
Uma dúvida que talvez lhe surja pode ser: Porque é que os flaps não estão sempre extendidos e sem precisarem de um mecanismo para serem recolhidos e extendidos, ou porque é que seimplesmente não fazem uma asa maior?
A resposta a esta pergunta é por uma questão de eficiência. Se no seu carro colocar a mão para fora na auto-estrada vai sentir uma enorme força do ar, aquilo é a resistência que o ar oferece à passagem da sua mão naquela velocidade. Agora imagine um flap extendido a 900 km/h. Para além de que a estrutura não iria aguentar o ar a bater aquela velocidade, iria criar um atrito muito forte e o consumo do avião seria muito alto. Para a pergunta da asa maior, é novamente por questão de eficiência e também por causa dos aeroportos, pois teria que aumentar a envergadura do avião (a envergadura é a distância de uma ponta da asa até à outra) e além de não ser eficiente em voo, criaria problemas nos aeroportos.
Voltando ao exemplo dos pássaros, que talvez possa ser mais prático para entender, se reparar, os pássaros quando vão a voar mais rápido estão com as assas, no caso as penas mais encolhidas, e quando vão pousar abrem mais as penas. O princípio é o mesmo, como para pousar vai precisar de uma velocidade menor, vai extender mais as penas para ter uma sustentação maior.
Pássaro em alta velocidade, penas recolhidas para criar a menor resistência ao ar possível, logo maior velocidade.
Pássaro a preparar-se para pousar, penas muito abertas para criar o máximo de sustentação possível a uma menor velocidade.
Há muitas mais coisas e detalhes que podem ser falados sobre os flaps, por isso é que eu pessoalmente adoro os módulos de aerodinâmica. No entanto, são coisas mais aprofundadas e mais técnicas que lhe posso responder nos comentários caso lhe reste dúvidas e tenha curiosidade em saber, mas por motivos de simplificação não as coloquei neste post. Agora que já sabe o que é um FLAP, não irá mais estranhar quando ouvir um barulho e olhar pela janela e vir umas superfícies a saírem de baixo da asa.
Espero ter conseguido explicar de uma forma simples o assunto e se tiver ficado com alguma dúvida, deixe nos comentários e terei o maior gosto em responder.
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